COMUNICAÇÃO FEDERAL PRECISA DE UM MILAGRE

Por Rodrigo Melo – Jornal Portal do Sertão

Só um “santo” muito milagroso poderia dar conta da comunicação do governo federal. Apesar dos avanços concretos em áreas importantes, o noticiário continua dominado por polêmicas e ruídos provocados, em grande parte, por falas inoportunas, declarações improvisadas e crises evitáveis. A percepção pública, em muitos casos, ignora os resultados e foca nos tropeços verbais e institucionais.

O ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, é um quadro técnico respeitado, com desenvoltura e sólida formação. Especialista na área, tem competência reconhecida por aliados e até por opositores. No entanto, parece travar uma batalha inglória para transformar resultados em narrativa positiva. Enquanto ele tenta organizar a imagem institucional, o próprio presidente Lula sabota esforços ao improvisar falas que geram mal-estar e desgastam o governo.

Mesmo com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo 3,2% em 2023 e 3,4% em 2024, com mais de 1,6 milhão de empregos formais gerados este ano, a aprovação da Reforma Tributária e o Bolsa Família reformulado alcançando 21 milhões de famílias, o governo coleciona desgastes. A crise envolvendo o ministro Jucelino Filho, alvo de investigação da Polícia Federal, e o episódio constrangedor do ministro Carlos Lupi defendendo o presidente do INSS, em meio a um rombo bilionário, só ampliam a sensação de desgoverno.
O resultado é um contraste gritante: indicadores positivos na economia e nos programas sociais não são suficientes para conter a sensação de instabilidade. O governo Lula 3 parece estar preso em sua própria armadilha de comunicação. E a cada tropeço, fica mais claro que não basta governar — é preciso saber comunicar. E, nesse caso, só mesmo com ajuda divina.

Foto: Jodson Alves/ Agencia Brasil